As mulheres da província de Chin, na Birmânia (antiga Mianmar), eram famosas por sua grande beleza. Segundo os mais antigos, houve tempos em que o rei e outros nobres de Mianmar iam a essa região apenas para escolher as garotas de que gostassem e as levavam para se tornarem concubinas. Sem terem como se defender, as anciãs passaram, então, a tatuar os rostos das meninas, na esperança de torná-las feias para o rei, a fim de que não fossem levadas.

Há ainda outra versão para a origem das tatuagens faciais, que teriam começado a ser feitas pelos homens para impedir que inimigos e saqueadores raptassem suas belas mulheres.

Independente da real origem (que pode até ter passado pelas duas histórias), as tatuagens faciais foram gradativamente se tornando um símbolo de feminilidade, força e resistência, um ritual ao qual todas as garotas tinham que se submeter em honra às tradições. As mulheres chegam a relatar que, se não tivessem os desenhos no rosto, não teriam nem mesmo encontrado um homem para se casar! Atualmente, a mulher mais velha com o rosto tatuado na vila de Pan Paung tem 70 anos e diz que fez as tatuagens porque todas as outras estavam fazendo.

Na mesma vila de Pan Paung, a mulher mais jovem com as tatuagens faciais tem 60 anos. Apesar de em outras vilas ainda ser possível encontrar mulheres mais novas com as tatuagens, a prática se extinguiu entre as últimas gerações, por um motivo comum a tantas outras tribos que vêm abandonando a tradição da modificação corporal: por causa da globalização e da modernização que estão chegando aos lugares mais remotos, muitos jovens sentem vergonha de se destacar quando vão a outras cidades, por exemplo, ou têm medo de precisar se mudar e não conseguir emprego no futuro.

Essas tatuagens eram feitas nas garotas com idade entre os 11 e 15 anos – um processo tão dolorido e longo que elas tinham de ser amparadas e seguradas por outras pessoas. A tinta era tirada de uma planta especial, que algumas tribos misturavam com rim de búfalo, e aplicada com um tipo de agulha, feita com materiais orgânicos (como bambu ou a partir do caule de outra planta). O inchaço posterior era tamanho que as meninas não conseguiam abrir os olhos e às vezes nem mesmo falar!

Em tempo: vocês devem ter reparado (ou, a partir de agora, vão começar a reparar) que praticamente todas as tribos sobre as quais falamos têm as orelhas alargadas. Os rituais de perfuração indicam a passagem de uma fase da vida a outra e são um ato de coragem, de maturidade, porque ensinam a suportar a dor. Após a perfuração, com o passar do tempo, os indivíduos começam a aumentar seus furos gradativamente, um processo que se estende por toda a vida. Alargar os lóbulos é frequentemente visto como um processo que requer paciência e perseverança, portanto, aqueles que têm os maiores lóbulos, normalmente já em idades avançadas, são os mais experientes e sábios. Vejam, por exemplo, o tamanho dos furos nas estátuas de Buda…

Fontes:

  • Por Francine Oliveira no finado TattooTatuagem
  • http://www.nancychuang.com/blog/travel/myanmar/tattooed_woman_pan_paung_myanma.html
  • https://www.dailymail.co.uk/indiahome/indianews/article-2248352/Tattoos-make-dazzling-beauty-Photographers-enchanting-images-capture-faces-world.html
  • https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=20621

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